uma rua chamada pecado

streetcar

Em uma época regida pelo Código Hayes, com uma Vivian Leigh astral por “E o Vento Levou…” vivendo uma mulher fora dos padrões “straight” norte-americanos – ” O que é direita? Uma linha pode ser direita ou uma rua. ” – um filme onde a mocinha é uma mulher madura com um passado libiduoso, seu marido suicida e homossexual, sua irmã submissa à tempo que exala luxúria, mas fica a cargo de Marlon Brando ser o vilão – macho alpha e o personagem mais americano da época a gritar ser “do maior país do mundo e ter orgulho disso”.

A deturpada Blanche, a meio caminho da loucura, na carência de sempre em buscar a família modelada norte-americana, termina amparada por “estranhos” (em um genial subtexto de Tenessee Willians). “Eu sempre dependi da bondade de estranhos.” é também um dos desfechos mais impactantes do cinema. Nem mesmo as alterações conservadoras da Warner diminuiram a força da narrativa e da imagem deste longa.

Praticamente trancado em uma locação a diminuir fisicamente ao longo da projeção, com suas janelas caindo aos pedaços, cortinas que sombream os cantos dos cômodos e deixam desconforto da falta de qualquer coisa rígida naquele ambiente, luzes sobrepostas  e uma fotografia que parece ir abandonando a escala de cinza para amparar quase literalmente o termo “preto-e-branco”,  o filme vai entrando profundamente na tensão de seu enredo,  um rastro de luxúria claríssimo ao longo do filme, mas que vai se apagando para dar forma a uma outra animalidade.

Uma Rua Chamada Pecado (A Streecar Named Desire, 1951, dir.: Elia Kazan) large-red-starlarge-red-starlarge-red-starlarge-red-starlarge-red-star

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